Este foi o primeiro Mapa do Brasil elaborado pelo espanhol Juan de la Cosa, em 1508
Lembrados neste 22 de abril, os 522 anos do descobrimento do Brasil pelo almirante português Pedro Álvares Cabral revelam cartas geográficas sem nenhuma referência à Amazônia Ocidental Brasileira, onde se situa Rondônia, um Estado com apenas 40 anos de idade.
Já em 1923, a Carta Política do Brasil mostrava o Território Federal do Acre, enquanto serras, rios e raríssimos lugares do Território Federal do Guaporé deixariam de ser Mato Grosso somente duas décadas depois, em 1943.
Atualmente, Rondônia possui área de 237.590,547 km², equivalente ao território da Romênia e quase cinco vezes maior do que a Croácia.
Na segunda década do século passado, Goyas se escrevia assim, com Y, Matto Grosso com dois T, e o Pará era Grão Pará. No lugar da palavra Amazônia, quando o governo imperial se referia a lugares de nossa região citando Mato Grosso.
Um dos fatos que tornou conhecido o velho Guaporé (fronteira natural entre Brasil e Bolívia) foi a visita do médico e etnólogo belga Claude Levy-Strauss, que chegou a Guajará-Mirim em 1938.
Ele veio acompanhado do também iniciante antropólogo Luiz Castro Faria, do Museu Nacional do Rio de Janeiro, que publicou, 60 anos depois, o diário daquela viagem, resultando no livro Tristes Trópicos, em 1955.
O Guaporé tinha 12 anos quando começou a aparecer nas páginas de jornais e revistas de São Paulo e do Rio de Janeiro, e um ano depois seria denominado realmente Território Federal de Rondônia por decreto do ex-presidente da República Juscelino Kubitschek de Oliveira.
AMAZÔNIA, AOS POUCOS CONHECIDA
Se em 1500 não se concebia a existência do Oceano Pacífico, imagine-se o continente amazônico que, no início dos anos 2000 viria a formar 59% do território brasileiro, distribuído por 755 municípios, 52 deles em Rondônia. A Amazônia representa 67% das florestas tropicais do mundo.
No século passado o extinto Território Federal do Guaporé só passou a ser conhecido, após o primeiro mapa que atestou a sua criação por decreto do ex-presidente Getúlio Dornelles Vargas, que visitou Porto Velho em 1940.
De acordo com o Guia Geográfico – História do Brasil, o mais antigo mapa conhecido do Brasil é fragmento do Planisfério Português, de autor anônimo, confeccionado clandestinamente por solicitação de Cantino, um comerciante de cavalos e espião que contrabandeou segredos de estado portugueses, para a Itália. Esse mapa mostra o que os portugueses conheciam do Brasil, em 1502.
Fragmento do Planisfério de Cantino de 1502, baseado em litografia de Henry Harrisse, publicado em 1883
NOVO MUNDO
A partir daquele ano começaram a ser publicados os primeiros mapas conhecidos, em que territórios do Brasil aparecem. Isso se ocorreu devido à expedição de Gonçalo Coelho, da qual Américo Vespúcio participou e que até hoje é um dos temas de aulas de História, no ensino fundamental.
Os textos de Vespúcio descreviam as terras que ele denominou de Novo Mundo e foram um sucesso na Europa.
Segundo o Guia Geográfico, talvez Vespúcio tenha sido o primeiro a afirmar que as novas terras, descobertas por Colombo e Cabral, “não eram mesmo as Índias.”
Já o cartógrafo alemão Martin Waldseemüller, entusiasmado com a riqueza das cartas de Vespúcio, batizou parte da atual América do Sul em sua homenagem. O nome América foi colocado pela primeira vez sobre o Brasil.
ATUALIZAÇÃO COMERCIAL
Grande parte dos primeiros mapas conhecidos da América Lusitana é, na verdade, produtos secundários. Os mapas detalhados, usados pelos portugueses, eram constantemente atualizados nas cartas padrões d’El-Rei, guardadas nos Armazéns da Casa da Mina e Índia, mas não chegaram até o Brasil.
Em possível comparação era como se o mapa do extinto Território Federal de Rondônia fosse divulgado, em Estados que, para cá enviaram migrantes, como detentor de grandes reservas de madeira nobre, ouro, diamantes, e outros metais e minérios cada vez mais explorados.
PACÍFICO
Um dos mais preciosos mapas da época dos descobrimentos foi elaborado pelo navegador e cosmógrafo espanhol Juan de La Cosa. Ele participou da primeira (1492) e da segunda expedição do navegador espanhol Cristóvam Colombo, bem como da expedição de Alonso de Ojeda, em 1499.
Ainda conforme o Guia Geográfico, em 1500, após seu regresso, Juan começou a confeccionar seu famoso mapa-mundi. Embaixo da ilustração de São Cristóvão, ele escreveu: Juan de la Cosa la fizo en el puerto de S: ma en año de 1500 (Juan de la Cosa o fez no porto de Santa Maria, no ano de 1500).
Posteriormente, o cosmógrafo fez outras viagens. Seu mapa foi sendo atualizado, com novas descobertas, até por volta de 1508. É dele o registro das descobertas de Colombo, Cabral, Caboto e Vasco da Gama.
EXTENSÃO DA ÁSIA
O mapa foi elaborado em uma época de revolução nos entendimentos da geografia do Planeta. Em 1500, ainda não se concebia a existência do Oceano Pacífico.
Nos primeiros anos do século 16, a América era entendida, por quase todo mundo como uma extensão da Ásia. Assim, as feições da costa americana eram uma adaptação do que se conhecia do leste asiático. O Brasil foi muito confundido com a Austrália, conta-se no Guia.
O mapa manuscrito em couro de boi mede 96 x 183cm e foi encontrado em 1832, numa loja de Paris, pelo Barão Charles Athanase Walckenaer. Após sua morte, em 1853, o mapa foi adquirido pela Espanha e atualmente se encontra no Museo Naval de Madrid.
Em 1923, a Carta Política do Brasil mostrava o Acre; o Território Federal do Guaporé só passou a existir em 1943
MATO GROSSO
Um mapa político foi publicado em 1923, na Geographia-Atlas do Brasil e das cinco partes do mundo pela F. Briguiet & Cia, conforme o Atlas do Brasil do Barão Homem de Mello e do Dr. F. Homem de Mello.
O território brasileiro nem sempre possuiu a mesma característica quanto à sua divisão interna. Em outubro de 1977 Mato Grosso foi fragmentado, e, em 1982 Rondônia alcançou a condição de Estado.
Segundo dados da Secretaria de Estado de Planejamento, Orçamento e Gestão – Sepog, Rondônia é o terceiro Estado mais populoso da Região Norte, com 1,81 milhão de habitantes (IBGE). Maiores que este Estado, só o Pará e o Amazonas. Quatro municípios de Rondônia possuem população superior a 100 mil habitantes: Porto Velho, Ji-Paraná, Ariquemes e Vilhena.
MAIS MODIFICAÇÕES NO MAPA
Em 1988 ocorreram diversas modificações: os territórios federais de Roraima e Amapá foram elevados à categoria de Estado. A ilha de Fernando de Noronha, que anteriormente era considerada um território, transformou-se em município pernambucano.
No mesmo ano, Goiás se fragmentou, a porção sul do território continuou com o mesmo nome, fazendo parte da região Centro-Oeste; a porção norte deu origem ao Tocantins, que passou a integrar a região Norte.
Atual Mapa do Brasil é este, do IBGE, com a divisão em regiões